Sim, porque eu nasci no Monte Frio há 62 anos, numa cama que ainda hoje existe em casa do meu irmão (Vítor Cândido) e está instalada quase no mesmo ângulo da casa desse tempo.
Quero agradecer e dar os parabéns a quem tem trabalhado para manter vivas as memórias dessa maravilhosa Terra e dessa preciosa Gente que é a comunidade do Monte Frio.
Como eu fui feliz nessa terra…!
Quando era miúda passava sempre as férias a gozar do bom ar, do bom ambiente e da alegria que era partilhada por todas as gerações.
Como eu gostava de participar dos serões com os mais velhos e aprender as canções do “antigamente”. Com a ajuda, em especial, da minha tia Isaura (mãe da Lurdes Pimenta) e da minha tia Laurinda (mãe da minha saudosa prima Lisete), boas cantadeiras desde sempre, reuni um cancioneiro precioso, que infelizmente guardei só na memória…
Também as “modas” de danças antigas me entusiasmavam e aprendi a dançá-las.
E o meu querido Pai (Zé Cândido)? Como era alegre e divertido a dançar o Vira…!
E aquelas sessões de fado dançado, fazendo uma roda que se estendia desde o principio do Outeiro até para além da actual Sala de Convívio.
E quando na noite da festa a banda, por volta da meia noite, abandonava o recinto a tocar a “Laurinda” e todo o povo ia a cantar e a dançar atrás da camioneta, quase até à escola…
Tudo servia de motivo para fazermos uma festa e conviver com alegria.
Como era bom irmos à noite passear até à escola, quando ainda não havia electricidade e o céu brilhava intensamente com um luar e umas estrelas que quase parecia ser dia…
Enfim, o que tenho em memória, quer de pessoas, quer de vivências, dava para escrever um livro…
As circunstâncias da vida fizeram com que me afastasse um pouco, mas as minhas raízes estão bem vivas no meu coração e nas minhas memórias.
Por isso quero aqui afirmar o quanto amo essa Terra e o quanto amo toda essa família que é “A Gente da Minha Terra”!
Saudades da Fátima Cândido
(sócia nº 40 da CMMF)