O mês de Agosto já lá vai e o Setembro está quase passado. O tempo de férias e de convívio, de festas e divertimentos acabou. O verão terminou. Para o ano há mais. Agora resta-nos recordar alguns momentos vividos na nossa terra, onde a festa do Monte Frio, em honra do Milagroso Bom Jesus foi, seguramente, uma das mais dinâmicas e divertidas dos últimos tempos. Bastava analisar o vasto e diversificado cartaz, para se fazer uma ideia da intensidade de quatro dias e quatro noites de festa rija.
O conjunto «Gomape Music», de Arganil, foi a maior atração do cartaz das festas e a sua atuação, no arraial de sábado, ocasionou uma enchente nunca vista, no amplo Largo do Outeiro. A grande qualidade das suas interpretações musicais, aliada à presença agradável de uma vocalista brilhante - em versão ‘fashion’, pela constante troca de indumentária e de sapatos -, prendeu a atenção do pessoal espectador, que se comportou como num qualquer concerto urbano, preferindo observar e apreciar o som e o cenário, em vez de avançar para o baile. Nunca se viu tanta gente e muitos forasteiros trouxeram à noite o ambiente de convívio e camaradagem, destacando-se a presença habitual dos nossos amigos da Portela da Cerdeira e da Camba. Este ano a cerveja não era a ‘metro’… era à ‘grade’. Por isso, as ‘minis’ esvaziavam-se às centenas. E as belas bifanas do mestre Bento? Perece que ainda tenho o cheirinho e o paladar do molho… Este dia começou com a habitual alvorada, a cargo do Grupo dos Bombos de S. Nicolau, dos Pardieiros. Depois, houve tempo para as cerimónias religiosas (missa cantada, seguida de procissão, em louvor do nosso padroeiro, Milagroso Bom Jesus), com a participação da Banda Filarmónica Pátria Nova, de Coja. Durante a tarde pudemos apreciar a excelente atuação do Grupo de Danças e Cantares do Soito da Ruiva. «TRIO CLAVE» no Maracanã Contudo, pese embora o êxito da atuação do ‘Gomape Music’ , o momento alto da festa aconteceu no arraial de domingo, durante a atuação do Conjunto musical ‘TRIO CLAVE’, cujos componentes já conhecem bem os nossos gostos e nossas exigências. Muito especialmente no acompanhamento do famoso fado serrano, o qual têm vindo a aperfeiçoar. Na verdade a malta não é muito dada a dançar. Mas quando se trata do fado serrano… ninguém resiste, novos e velhos saltam para a roda e vivem a mística. É bonito vermos o Largo do Outeiro repleto, com cerca de cem pares, quase uma hora, naquele balanço. Como é costume, o grupo de fadistas do Monte Frio no palco, cantam à vez, quadras populares: Armando, Vítor, Luciano, Belmira e Leonel nunca falham. Este ano faltou o Gil e, especialmente, o Arlindo, o nosso artista, de vários instrumentos e de vários ranchos, também cantador e mandador da roda. Faz parte da mística. Fez-nos cá muita falta. Dizem que terá ido ao estrangeiro, fazer um estágio de aperfeiçoamento. E assim, na sua ausência, mandei eu na roda do fado, em mais uma noite inesquecível, que ficou registada num ‘CD’, gravado e oferecido pelos elementos do grupo CLAVE. Em nome dos fadistas, o nosso ‘muito brigado’ ao amigo Alberto. Esta já é a terceira edição do fado no Monte Frio, gravado em ‘CD’. Com uma particularidade: ao contrário dos anos anteriores, em que todos (músicos e fadistas) nos aconchegávamos no acanhado coreto, este ano atuámos num palco de grandes dimensões, propriedade da Câmara Municipal, próprio para atuação de ranchos folclóricos ou bandas filarmónicas. Com tanta largueza, o «TRIO CLAVE» já se julgava a atuar num palco do Maracanã, no Rio de Janeiro. Refira-se, a propósito, que este enorme palco em Monte Frio foi exigência do «Gomape Music» para comportar todo o material e o seu staff artístico. Para complementar a festa, na noite de sexta-feira realizou-se uma bonita procissão de velas, em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem. E houve com a animação musical com o Conjunto Gonçalo Almeida. Por fim, na segunda-feira, a tarde desportiva, com uma futebolada no campo da Escola, e uma memorável noite de Karaoke, onde se evidenciaram alguns espontâneos. Os mordomos Felizmente a tradição mantém-se na nossa terra, continua a haver mordomos para organizar a festa anual, em honra do Milagroso Bom Jesus. Depois das irmãs Tânia e Rita Nunes (com seus respetivos companheiros), netas do Luciano, filhas do Armando, terem assumido a mordomia de 2012, cabe agora a vez das irmãs Susana e Rita Silva (com seus respetivos companheiros), netas do António Pedro, filhas do João Silva, assumirem o cargo (para que foram nomeadas) de organizar a festa do Monte Frio, em 2013. Os campeões de 2012 Como é tradição, o programa de festas do Monte Frio englobou torneios populares de Sueca, Chinquilho e Matraquilhos, sempre patrocinados pela «Pastelaria Zurique», Avenida João XXI, em Lisboa, dos nossos amigos (consócios) Santos e Zezito. Houve disputa renhida par apuramento dos campeões, especialmente no Chinquilho, onde foi preciso recorrer a uma finalíssima, tendo-se apurado as seguintes classificações: CHINQUILHO - 1 º - José Luís/Daniel Augusto; 2 º - Vítor Cândido/Leonel Martinho; 3 º - António Nunes/Vítor Mendes; 4 º - Gonçalo Martins/Manuel Rocha; 5 º - Orlando Moura/Emídio Henriques; 6 º André Martinho/André Afonso. SUECA - 1 º - Helder Ferreira/António Nunes; 2 º - Leonel Martinho/Albino Moura; 3 º - Vítor Cândido/António Castanheira; 4 º - André Martinho/Marco Amaral. MATRAQUILHOS - 1 º - Frederico Costa/Guilherme Nunes; 2 º - Carlos Almeida/João Costa; 3 º - Pedro Fernandes/Gonçalo Xavier; 4 º - António Fernandes/Armando Nunes. ------------------------------------------------------------------------------------------ Rastreio visual em Monte Frio A Acão foi previamente anunciada através dos panfletos espalhados pela povoação: o Instituto Clínico de Oftalmologia realizou no passado dia 5 de Setembro, entre as 14.00 e as 18 horas, na aldeia de Monte Frio, um rastreio visual (gratuito), com o objetivo de efetuar uma análise da qualidade da visão da comunidade, permitindo, assim, a deteção de anomalias visuais e sua consequente correção. O rastreio foi realizado por dois técnicos daquele instituto, devidamente credenciados, dentro de uma carrinha preparada e equipada para o efeito, estacionada junto ao coreto, no Largo da Comissão de Melhoramentos. Esta iniciativa proporcionou a muitos montefrienses serem observados ali mesmo, na sua terra, sem marcação de consulta nem deslocação à vila. Foi uma tarde bastante movimentada, numa Acão louvável, que o povo muito agradece e que gostava de ver repetida, noutras especialidades da saúde. V. C. Monte Frio através da Comarca – II Largo da Fonte, Monte Frio, 4 de Agosto 1935. Grupo de montefrienses no automóvel de Manuel Martins junto ao renovado chafariz principal. Foto: «A Comarca de Arganil»
Na sequência da nossa publicação de 30 de Julho, aqui damos conta de mais um capítulo do Monte Frio, com recurso aos arquivos digitalizados de «A Comarca de Arganil». Depois do 1º automóvel a visitar a aldeia, eis os que lhe seguiram. Poucos dias depois da visita do automóvel do arganilense Romão Jorge ao Monte Frio, as primeiras viaturas montefrienses chegaram também à nossa aldeia. Os carros de José da Cruz e Manuel Martins foram a atração em Agosto de 1935. Refira-se ainda que, pela primeira vez, algumas pessoas não viajaram no tradicional comboio, tendo sido organizada uma excursão, cuja camioneta transportou 25 passageiros até à Feiteirinha (junto à Fonte Raiz). Na foto que acompanha o texto da Comarca, podemos ver o automóvel de Manuel Martins (sentado ao volante), no Largo da Fonte, junto ao chafariz que havia sido restaurado. Aliás, é também referido o calcetamento da rua da Fonte até ao Santo, obra da iniciativa de um montefriense. Reconhecem-se na foto: José da Cruz (com o filho Hermínio ao colo), sua mulher Assunção do Carmo e cunhada Maria do Carmo, Manuel Martins e sua mulher Lucinda Marques e, em baixo, as meninas Lurdes da Silva e Adelina da Conceição. G.C. |
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March 2015
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